sábado, 9 de janeiro de 2010

Á Viriatuna..


Entrei na tuna no meu segundo semestre de curso. Decidi entrar numa aula de psicologia da saúde que tinhamos em conjunto com uma turma do 4º ano.. Depois de me encher de coragem lá perguntei: "olha como é que se entra pra tuna?" O mais obvio teria sido responder "entras pela porta" mas não, lá me responderam com entusiasmo que os ensaios eram ás 2as e ás 5as. Nesse dia á noite lá fomos nós ao ensaio: encostamo-nos a uma mesa da sala 5 enquanto viamos toda a gente a carregar os instrumentos para dentro da sala (sim porque na altura ficavam espalhados pelas casas dos tunos porque não havia sala de ensaio). Assistimos ás brincadeiras, ás palhaçadas com um sorriso tímido.. Não sabiamos muito bem o que achar daquilo tudo. Como em tudo na vida "Primeiro estranha-se e depois entranha-se.."

A minha primeira actuação foi no 4U, (houve quem até fosse de pijama para a dita actuação) e lembro-me perfeitamente do nervoso miudinho por não saber as vozes ou mesmo as letras (nem sabia que o "verde gaio" existia).. A partir desse dia foi um acumular de experiências que só vieram enriquecer a minha vivência estudantil. Convivios, amizades, copos, guitarradas.. Coisas que até então sabia que existiam mas pertenciam a um mundo a parte do meu.

Criaram-se amizades, ultrapassaram-se barreiras, crescemos e vimos os outros á nossa volta crescer. Criei uma segunda família que sempre me acompanhou incondicionalmente em todos os bons e maus momentos da minha vida desde então. Viram-me rir como uma desalmada até me doer a barriga, seguraram-me no cabelo kando afinal as dores de barriga não era por me estar a rir.. Choraram comigo quando a vida me pregou partidas, encorajaram-me quando saía do palco arrasada e num pranto porque me enganava nas coreografias. Disseram-me que o que importava era não parar de sorrir.. E eu acreditei..

Olhando para trás vejo como este grupo de amigos me fez crescer. Assumir responsabilidades ás quais pensei nunca conseguir dar resposta e ultrapassar as dificuldades que pensei que me deitariam por terra. Fez-me perceber que há tempo para tudo e que quando nos empenhamos todas as pequenas vitórias sabem um milhão de vezes melhor. Pisar o palco com aquelas pessoas faz correr a adrenalina que me faz sentir viva. Os minutos que antecedem o abrir a cortina, o C7, a cumplicidade entre nós, a troca de olhares, e sem esquecer as respostas ás perguntas:

"o que é que nós somos?
o que é que vamos fazer?
e se as coisas não correrem bem o que é que dizemos?
ou então?
mas as coisas não vão correr mal porque nós somos????????? VVVVVIIIIRRRRRIIIIAAAATTTTTUUUNNNNNAAAAAA"

Obrigado a todos os que fazem parte desse grande capítulo da minha vida. E aos que cá ficam quando eu não puder estar tão presente continuem a cultivar o espírito que me foi incutido e que tento transmitir aos mais novos. Porque vocês são o futuro.. Como eu em tempos também o fui..

Estrela da Tarde



Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!